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Moz'Art

Tour do Museu do Cinema

Gênero : Digressão | Maputo

Domingo 27 julho 2014

Horários : 00:00
Tel : : +258824180314
Principal país relacionado : Rúbrica : Cinema/tv, História/sociedade, Patrimônio
Moçambique

Quem não quer conhecer melhor, a História do cinema nacional? Quem não gostaria de saber como se fundou o INC, actual INAC – Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema? Para além do grupo restrito de pessoas que fez esta História, o público, em geral, e as novas gerações, merecem conhecer mais. E para tal, é necessário que a informação, de várias formas, esteja disponível.
Muitos têm vindo a sugerir que se crie, na estrutura do INAC, um Museu do Cinema. Como, aliás, acontece em quase todas as Cinematecas Nacionais. Quem faz o KUGOMA partilha deste objectivo e quer dar um pequeno passo – uma prova – de que tal é possível e relativamente simples. Temos vindo a tentar, mas não tem sido fácil. Este ano, com o total apoio do próprio INAC, e a parceria especializada e imprescindível da IVERCA – associação que desenvolve, desde 2009, o Tour da Mafalala, turismo local e cultural – vamos levar a cabo a primeira VISITA GUIADA AO MUSEU DO CINEMA - TOUR DO INAC.
Objectivo: que vingue e que seja algo regular, em breve.
 
E O QUE SERÁ ESTA VISITA?
A acontecer no domingo, dia 27 de Julho de 2014, pelas 10h30 e, de novo, pelas 14h30, com duração aproximada de 2horas, ela encerra o KUGOMA 2014.
A visita passará pelos diversos departamentos: arquivo, arejamento, biblioteca, exposição de máquinas e sala de projecção. Em cada espaço o público conhecerá, através do diálogo com alguns dos mais antigos técnicos do cinema moçambicano, o que ali funcionou em cada momento, desde o tempo colonial, passando pela criação do INC, o incêndio de 1991 e a actualidade. Tudo em duas línguas, português e inglês.
 
Terá início com a História do próprio Edifício, no exterior.
O espaço onde actualmente encontramos o INAC foi em tempo a "Casa das Beiras". E o que era esse lugar? Uma casa de cultura, de recreação, onde se realizavam bailes e onde existiam espaços alugados para festas e casamentos, que ia desde o edifício actual até ao antigo "Cinema Nacional", depois "Continuadores" e, actualmente, Centro Cultural Universitário da UEM. Remodelado recentemente, foi antes disso adaptado pelo Arquitecto José Forjaz para as instalações do recém-fundado INC, após a nacionalização do edifício colonial, na noite de 24 de Julho de 1976.
Castigo Uamusse era trabalhador nesse lugar e recorda o seu funcionamento. Aqui dançavam-se os ritmos tradicionais portugueses e o convívio era apenas para os brancos e alguns assimilados.
Castigo foi um dos vários funcionários que o INC herdou, juntamente com o edifício. Hoje, ele é o grande guardião do Arquivo.
 
A visita continua no exterior do Arquivo, local onde se encontra o famoso acervo do INAC, a colecção Kuxa Kanema, que conta com mais de 300 títulos e vários outros filmes em 35 e 16 mm, de diversas épocas, na sua maioria, do período pós-independência, quando Moçambique chegou a estar na vanguarda do cinema associado aos movimentos socialistas. Actualmente à espera de fundos para melhorar as suas condições de armazenamento, o Arquivo, por norma, não recebe visitas, pois a simples abertura das portas significa uma alteração de temperatura e humidade prejudiciais aos materiais.
O público terá, no entanto, a possibilidade de ver uma das velhas caixas metálicas de filme, agora substituídas por plástico, e que se encontram ali como única lembrança de tempos antigos.
 
Seguiremos para a Sala de Arejamento, onde, mais uma vez, Castigo nos mostrará a sua rotina diária e exemplificará o trabalho de bobinagem e arejamento, vital para a preservação dos materiais de acetato. Um Arquivo com esta dimensão implica limpeza e arejamentos permanentes, e regulares avaliações dos materiais. Aqui, investigadores nacionais e estrangeiros vêm consultar imagens históricas, que o INAC pretende tornar acessíveis a um cada vez maior número de pessoas, através do restauro digital que, gradualmente, vem sendo feito.
Os visitantes poderão aqui experimentar como se corta e cola película, utilizando equipamentos hoje só encontrados no Arquivo ou Museu, e ver como se utiliza uma velha Steenbeck (visionadora), assistindo a um excerto do Kuxa Kanema Especial da OMM, em 16mm, no setting de uma câmara escura e na dimensão minúscula do ecrã da Steenbeck.
 
No Átrio Principal do interior do edifício poderá ter contacto e fazer perguntas sobre o funcionamento de máquinas hoje em desuso, desde projectores de 35mm, a carvão, a pequenas enroladeiras,  que o antigo técnico de laboratório do INC, Manuel Maló, num verdadeiro regresso ao passado, irá descrever ao pormenor. Maló começou a trabalhar com cinema aos 15 anos, no período colonial, num dos dois maiores laboratórios de Lourenço Marques. Tendo feito parte da equipa de Melo Pereira, Maló viu-o partir após a independência e deixar para trás todos os equipamentos que, pessoalmente, transferiu e pôs em funcionamento no recém-criado INC, em 76. Foi ele que ensinou todas as técnicas de laboratório à restante equipa e, actualmente desempregado, é uma das pessoas mais valiosas para contar a História do Cinema Moçambicano.
 
A visita segue pela Biblioteca, também em reestruturação e catalogação. Aqui encontram-se uma série de fotografias, planos de rodagem, recortes de imprensa e cartazes de filmes rodados em Moçambique entre as décadas ´50 a ´90, mas também, e principalmente, inúmeras publicações especializadas de variadíssimos países, catálogos de festivais, manuais de aprendizagem, etc. Os visitantes poderão conhecer alguns títulos das publicações existentes, e apreciar alguns dos mais preciosos items ali guardados: as folhas de continuidade de "O vento sopra do Norte", slides do incêndio de 1991, certificados de premiação de filmes moçambicanos na antiga Jugoslávia, e outras curiosas relíquias. Podem também adquirir alguns filmes nacionais reeditados nos últimos anos pelo próprio INAC: "Ofensiva", "Um povo nunca morre" e "Behind the lines", a preços simbólicos, e folhear um exemplar da revista "Kuxa Kanema" do INAC, cujo 4º número está prestes a ser lançado.
 
No andar de cima localizam-se a Direcção e a AMOCINE, associação criada por um grupo de cineastas em 19??,   e que conta, actualmente, com mais de 2 centenas de sócios, muitos deles, da nova geração. Nos espaços deste andar se encontravam os laboratórios e os estúdios de som que, a par do armazém de distribuição, ficaram inteiramente destruídos no Incêndio que aconteceu a 7 de Fevereiro de 1991. O jornal "Notícias" e a revista "Tempo" daquele mês, em cópias ampliadas, estão disponíveis para consulta dos visitantes, que ali podem ler detalhes sobre o, ainda hoje, estranho incidente que alterou o rumo do INC, nunca mais tão activo na produção e distribuição cinematográficas.
 
Por fim, a visita termina na Sala de Projecção, onde se falará sobre os primeiros anos de produção do famoso Jornal de Actualidades "Kuxa Kanema", a jóia do INC, que antecedeu a informação televisiva em Moçambique, e onde se formaram quase todos os actuais técnicos de cinema e televisão. Gravado e editado semanalmente, durante cerca de 10 anos, era a principal actividade do INC, entre 1978 e 1986, e chegava a todos os cinemas das capitais provinciais em 35mm, e aos mais recônditos cantos do país, através do cinema móvel, em 16mm. Os 300 episódios do KK estão a ser gradualmente restaurados digitalmente pelo INAC e seus parceiros nacionais e estrangeiros, tendo sido já editados dois DVD com os primeiros 30 episódios, entre outros títulos históricos como: "Canta meu irmão, ajuda-me a cantar", "Mueda, memória e massacre" e o famoso "Tempo dos Leopardos".
Encerramos este tour com a exibição, com duração aproximada de 20 minutos, de um desses 30 KK digitais.
 
O TOUR DO MUSEU DO CINEMA - VISITA GUIADA AO INAC será guiado por Ivan Laranjeira, Presidente da Iverca e Diana Manhiça, Coordenadora do KUGOMA, com tradução em inglês (quando necessário), apoio técnico e contextualização histórica de Castigo Uamusse e Manuel Maló.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Informações / Lugar


Entrada Gratuita

10h - 12h | 14h30 -16h30



Av. Agostinho Neto, 960
Maputo ( 679 )
Moçambique




Parceiros

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